COParente no Amapá: indígenas se preparam para a COP 30 com diálogo e estratégias climáticas

Entre as pautas estava a exploração de petróleo na costa do Amapá e a crise climática que já impacta diretamente os territórios indígenas, causando perdas na produção de mandioca.

O Amapá sediou no sábado, 13 de setembro, mais uma etapa do “Ciclo COParente”, um encontro preparatório para a COP 30 promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A iniciativa percorre o país com o objetivo de promover o diálogo, a escuta, a formação e a articulação das comunidades indígenas, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas pautas defendidas no evento internacional.

O encontro em Macapá reuniu cerca de 120 indígenas do Amapá e norte do Pará. O objetivo foi fortalecer o diálogo e as estratégias de enfrentamento à crise climática, destacando as iniciativas já em andamento nos territórios. A articulação entre a APOIANP (Articulação dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará), a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e a COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) com o MPI reforça a continuidade da luta. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ressaltou a importância da união e da construção coletiva.

“A gente já vem discutindo as propostas, porque não é uma proposta que se discute nos dias prévios ao evento, é todo um processo de construção de articulação com outros ministérios, com outros países”, afirmou Guajajara. Ela também destacou o papel da demarcação de terras indígenas no combate às mudanças climáticas e a necessidade de garantir financiamento direto para essas comunidades. “Nós teremos pessoas nossas diretamente na sala de negociações e assim a gente espera que essa COP tenha de fato um resultado concreto que deixe um legado para a gente implementar políticas públicas nos anos seguintes”, complementou Guajajara.

Os povos indígenas do Amapá seguem fortalecidos para apresentar soluções baseadas em seus conhecimentos ancestrais

Para os povos indígenas, a crise climática já é uma realidade com impactos diretos em suas vidas e culturas. Edmilson dos Santos Oliveira, coordenador do Conselho de Caciques da região do Oiapoque, compartilhou as perdas causadas por fenômenos ambientais. “Nós povos indígenas da região do Oiapoque, afetados com a praga da mandioca, acabamos perdendo a nossa produção. A mandioca não é só alimentação, é cultura, é tradição, é uma série de benefícios que traz para nós”, lamentou Oliveira.

Ele também expressou a preocupação com a exploração de petróleo na costa do Amapá, reforçando a necessidade de serem ouvidos. “Hoje a gente está vivendo a questão da exploração do petróleo na costa do Amapá e a gente como povos indígenas, também vamos cobrar nossos direitos”, pontuou. “O nosso protocolo de consulta tem que prevalecer nesse momento para que a gente possa também entender o que é uma exploração de petróleo… precisamos estar inseridos nesse projeto, precisamos entender como é que se dá tudo isso”.

Além das discussões, o encontro foi marcado por rituais, reforçando a identidade e a resiliência dos povos originários. A preparação para a COP 30 não se encerra aqui; os povos indígenas do Amapá seguem fortalecidos para apresentar soluções baseadas em seus conhecimentos ancestrais, reafirmando que o movimento indígena está no presente e futuro do movimento.

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