A Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique e do Beira Amazonas, Amazonbai, marcou presença no primeiro dia da 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP30) no Pavilhão do Amapá. A cooperativa demonstrou seu modelo de sociobioeconomia que concilia o desenvolvimento econômico com a preservação da floresta e a inclusão social. O engenheiro florestal Amiraldo Picanço, presidente da Amazonbai, destacou o manejo sustentável do açaí e as políticas de empoderamento feminino como modelos práticos para o desenvolvimento amazônico diante da crise climática global.
A cooperativa, com seus 160 cooperados distribuídos em regiões de várzea do rio Amazonas (Bailique e Beira Amazonas) e na Terra Indígena Wajãpi, trabalha com uma cadeia de valor sustentável do açaí, exportando produtos como a polpa, o sorvete e o açaí liofilizado (pó) para mercados exigentes como Estados Unidos e Europa.

A Amazonbai, que reúne 160 cooperados em regiões de várzea do rio Amazonas (Bailique e Beira Amazonas) e na Terra Indígena Wajãpi, opera uma cadeia de valor sustentável do açaí. Ela exporta produtos como a polpa, o sorvete e o açaí liofilizado (pó) para mercados exigentes como Estados Unidos e Europa.
Picanço enfatizou a importância de conectar o conhecimento técnico com a prática comunitária. A trajetória da cooperativa ressoa com a crescente relevância da sociobioeconomia na pauta climática, um conceito baseado na utilização sustentável da biodiversidade por populações tradicionais, considerado um eixo estratégico do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio). A Amazonbai é um exemplo prático desse modelo, operando sob o princípio do manejo florestal comunitário, que garante a produção sem desmatamento, essencial para a conservação da floresta em pé.

Os efeitos das mudanças climáticas na cadeia do açaí
“As mudanças climáticas são uma das nossas grandes preocupações nos últimos anos. A gente vem acompanhando de perto e buscando alternativas. E o que temos feito é o manejo florestal comunitário, sempre respeitando o meio ambiente, sem desmatamento, para que possamos trabalhar de uma forma melhor”, explica Amiraldo Picanço. O presidente da cooperativa reconhece a ameaça dos eventos climáticos extremos – como as secas severas – à produção de açaí e à segurança alimentar de seus cooperados. A Amazonbai, reconhecida por seu manejo, busca mitigar esses riscos e garantir a estabilidade econômica das comunidades locais.

A preocupação de Picanço com as mudanças climáticas é pertinente. O açaí é um alimento base para muitas populações amazônicas, e vem enfrentando os eventos extremos como secas severas e variações de temperatura. O impacto da crise climática já é sentido, como na redução da produção de castanha-do-pará mencionada pelo presidente da cooperativa. A Amazonbai, reconhecida pelo manejo sustentável do açaí, busca mitigar esses riscos e garantir a segurança alimentar e econômica de seus cooperados.
Empoderamento Feminino e Salvaguarda Comunitária
Um dos pilares da sustentabilidade da Amazonbai é a dimensão social e o empoderamento feminino. A cooperativa investe ativamente em um núcleo de 65 mulheres, que são capacitadas e engajadas na produção. Esta iniciativa serve como incubadora para o desenvolvimento de novos subprodutos, como biojoias, cosméticos e alimentos à base de açaí.

Além disso, a cooperativa criou uma política de salvaguarda e apoio às mulheres, que oferece um canal de comunicação e denúncia com suporte psicológico e jurídico contra assédio, ameaças e agressão, conforme afirma Amiraldo. Essa abordagem completa reforça a sustentabilidade não apenas ambiental, mas também social e de governança. A presença da Amazonbai na COP30 é a prova viva de que é possível construir uma economia de baixo impacto, justa e rentável na Amazônia, valorizando os saberes tradicionais e as comunidades que são, de fato, as guardiãs da floresta.
A presença da Amazonbai na COP30 não é apenas simbólica; é a prova viva de que é possível construir uma economia de baixo impacto, justa e rentável na Amazônia, valorizando os saberes tradicionais e a conservação da biodiversidade. A cooperativa leva para o debate global a urgência de fortalecer cadeias produtivas locais e as comunidades que são, de fato, as guardiãs da floresta.




