O governador do Amapá, Clécio Luís, defendeu a retomada da “mineração sustentável” no estado, para uma possível pesquisa de Elementos de Terras Raras durante a 30ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP30), em Belém. Em entrevista no stand do Amapá, o governador justificou a iniciativa como um mecanismo de desenvolvimento econômico alinhado às melhores práticas ambientais e sociais.
A defesa da mineração é um pilar da atual gestão, que criou a Secretaria de Estado da Mineração assim que tomou posse. Segundo o governador, a mineração foi uma atividade econômica forte no Amapá, especialmente após o desmembramento do Pará nas décadas de 40 e 50, mas veio declinando.
“Nós queremos retomá-la, mas não de qualquer jeito. Queremos retomá-la sob a luz da legalidade, das melhores práticas de “mineração sustentável”, de racionalidade, sem devolver nenhum tipo de matéria que foi utilizado no processamento dessa mineração para o meio ambiente,” afirmou Clécio.
O foco inicial é a pesquisa: “Voltar a pesquisar sobre minérios do Amapá. Ao pesquisar e encontrar minérios como terras raras, nós vamos tomar decisões estratégicas de como produzir esses minérios em favor do povo do Amapá e com as melhores técnicas ambientais, sociais e de segurança.”
Para nortear essa estratégia, o governo firmou uma parceria com o Serviço Geológico Brasileiro (SGB). A colaboração prevê a construção de instrumentos cruciais, como o Mapa Geoeconômico do Estado do Amapá e o Plano Estadual de Mineração. Além disso, em conjunto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros Militar, está sendo desenvolvido o Mapeamento de Risco do Estado.

Amapá: Potencial para Caulim e Bauxita
O potencial mineral do Amapá é corroborado por estudos recentes. O artigo “Potencial para caulim e bauxita nos sedimentos quase-litorâneos do Estado do Amapá, Escudo das Guianas Oriental, norte do Brasil”, publicado na edição de agosto de 2025 do Journal of Geological Survey of Brazil (JGSB), revista científica do Serviço Geológico do Brasil, aponta que há condições propícias para a existência de depósitos de importância econômica de Caulim e Bauxita na porção costeira do estado.
O geólogo e consultor Wilson Scarpelli, autor do estudo, indica que a faixa de sedimentos cenozoicos (formados por fragmentos de rochas do Paleogeno ao Holoceno) que recobre as margens do Escudo das Guianas Oriental, próximo ao Atlântico e ao Rio Amazonas, apresenta condições geológicas semelhante ao depósito de caulim de Morro do Felipe, no sudoeste do Amapá e aos depósitos de bauxita no litoral da Guiana e Suriname, que resultaram do intemperismo de sedimentos ricos em caulim.
Para Scarpelli, exposições de caulim de alta qualidade sugerem grandes quantidades desse mineral. Considerando que o caulim é a rocha matriz (rocha-mãe) da bauxita nessas condições geológicas, a pesquisa aumenta a possibilidade da existência de depósitos ainda não descobertos de bauxita na região.




